segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Governo da Bahia dá exemplo e muda oficialmente nome de colégio de Médici para Marighella

Do sitio: G1

Pedido havia sido feito após votação realizada pela diretoria da unidade.
Mudança foi publicada no Diário Oficial do Estado na Bahia.


O Governo do Estado da Bahia mudou oficialmente o nome do Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici para Carlos Mariguella. A mudança foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) na sexta-feira (14). Nesta segunda-feira (17), o letreiro ainda não havia sido modificado.

A ação foi motivada após solicitação de alunos, ex-alunos, profesorres, pais e responsáveis, além da diretoria da unidade.
O grupo realizou uma votação em novembro de 2013 entre os envolvidos com a instituição e a partir da votação, foi encaminhado um documento oficial para que a mudança fosse efetivada.

Durante a votação o nome do guerrilheiro baiano Carlos Marighella teve 406 votos e venceu o do geógrafo Milton Santos, que obteve 128. Houve ainda, 27 votos brancos e 25 nulos.
“Há uma regra geral em que o nome da escola deve ser dado pela própria comunidade. No caso dessa escola, envolveu um processo intenso e eles solicitaram a mudança. Nós respeitamos a comunidade no momento em que ela se mobiliza e pede essa mudança. Vamos disponibilizar uma pequena verba para que seja feito uma nova logomarca. O letreiro continua o mesmo por que a publicação saiu no DOE na sexta-feira, mas será modificado também”, explicou o secretário estadual de Educação, Osvaldo Barreto.

O caso

"A história para mudar o nome da escola começou a muito tempo, antes de minha gestão. Quando assumi, resolvi dar continuidade a esse desejo de professores e da antiga diretora. A professora de sociologia ficou responsável por trabalhar isso com os alunos e após esse trabalho, realizamos a eleição. Foi maravilhoso, por que muitos ex-alunos fizeram questão de participar", explicou Aldair Almeida Dantas, diretora da unidade de ensino.

A professora de sociologia, que ficou responsável em escolher e apresentar os candidatos aos alunos do 3º ano e profissionalizante, disse ao G1 que o trabalho foi muito gratificante.

"Esses dois nomes já haviam sido sugeridos por outros professores, em anos anteriores. A partir daí, fui apresentando aos alunos a história de Milton Santos e Marighella. Durante todo esse processo, também aprendi muito, já que tive que ler muitos livros e ver filmes. Levei tudo isso para eles, que ficaram bem contentes em saber que os dois candidatos eram baianos, negros e tinham vindo de origem humilde. Foi emocionante e gratificante", contou à época ao G1.

Processo
A professora contou que antes da eleição, os ex-alunos e os pais dos alunos, assistiram a vídeos e participaram de uma palestra sobre a história de Médici, Marighella, Milton Santos e a história do surgimento da própria instituição.

A solicitação de mudança de nome da instituição foi enviada a Secretaria de Educação do Estado, que informou ao G1, não ter recebido o documento com a solicitação e que aguarda o envio do mesmo para poder se pronunciar.

Maria Marighella, neta de Carlos Marighella, falou ao G1 sobre a eleição na escola. “Isso é uma vitória da democracia do Brasil e da construção do resgate da memória de Marighella. Esse foi um movimento popular, que não teve a interferência da família, mas a família ficou muito feliz por essa conquista.

O historiador Ricardo Sizilio, também comentou a ação da unidade escolar. “Essa mudança é de uma importância muito grande, porque se deixa de valorizar os líderes dos ditadores e começa a valorizar os líderes do povo, como Marighella. Esses líderes, nunca são referências em escolas, mas tirar o nome de um ditador e colocar o nome de um homem que luta pelo povo é um avanço fantástico. Outras escolas deveriam seguir esse exemplo”, completa.

História

Emílio Garrastazu Médici presidiu o Brasil no período da ditadura militar, entre 30 de outubro de 1969 e 15 de março de 1974. Ele assumiu o poder após o afastamento do Presidente Costa e Silva e foi escolhido por todos os generais do exército como o substituto. Em 1968 ele apoiou o Ato Instituiconal Número 5 (AI-5), decretos emitidos pelo governo militar, quando estava na chefia do Serviço Nacional de Informações. Ele nasceu no Rio Grande do Sul e morreu no Rio de Janeiro.

 Carlos Marighella foi um dos principais nomes contra o regime militar e chegou a ser considerado o inimigo número um do governo. Tornou-se militante do Partido Comunista Brasileiro e foi preso diversas vezes. Em 1964 ele foi preso por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) após ser baleado e no ano seguinte optou pela luta armada contra a ditadura. Ele morreu em uma emboscada em São Paulo. O guerrilheiro nasceu em Salvador.


Nota do Blogueiro: Torcemos para que este exemplo seja  seguido pelos governantes de todos os estados. Faço ainda um apelo para que a ponte Pres. Costa e Silva tenha seu nome modificado. Não é possível conceber que nos dias de hoje ainda se homenageie os presidentes e Generais da ditadura!

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